
Por Rebeca Fuks – Doutora em Estudos da Cultura
Procurando transmitir a noção de que tudo tem o seu tempo, o eu-lírico celebra um amor paciente, adiado, que permanece através dos anos a espera do momento certo para desabrochar.
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
O amor aqui é tido como o avesso da paixão juvenil, que corrói e rapidamente se mostra perecível. Na letra de Chico Buarque os versos invocam um amor atemporal – não apenas carnal -, que vence todas as dificuldades supera todas as barreiras.
A imagem do Rio de Janeiro submerso é também poderosíssima, com a figura do mergulhador (o escafandrista) a procura de registros de como foi a vida naquele espaço e durante aquele tempo. A cidade resiste com os seus objetos e mistérios, assim como o amor paciente do eu-lírico.
Fonte: portal Cultura genial. Acesse: https://www.culturagenial.com
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